quarta-feira, 3 de abril de 2013


ESP

A eleição de um papa latino-americano provoca discussões sobre o catolicismo


O então papa Bento XVI cumprimenta o então cardeal de Buenos Aires, Jorge M. Bergoglio
eleição do cardeal de Buenos Aires, o argentino Jorge Mario Bergoglio, como o papa Francisco, sucessor de Bento XVI, tomou o noticiário nas últimas semanas, pelo ineditismo de tal fato. Além de ter sido o primeiro papa eleito por motivo de renúncia do seu antecessor em 600 anos (Bento XVI foi o primeiro papa a renunciar depois que Gregório XIII fizera o mesmo no século XV), é o primeiro não europeu a ser eleito.  Como o primeiro papa latino-americano da história, natural da capital argentina, a eleição de Bergoglio como papa chamou a atenção do mundo para o papel que a Igreja Católica possui em nosso continente.

Em sua maior parte colonizada por países de forte tradição católica, como Espanha e Portugal, hoje a região da América Latina possui o maior número de fieis dessa religião no mundo.  Estima-se que mais de 40% dos fieis católicos sejam latino-americanos, de um total de mais de 1 bilhão de fieis em todo o mundo.

Entretanto, o número de católicos tem caído no mundo todo, representando 25% dos que professam alguma religião no mundo, principalmente no continente onde a religião nasceu e exerceu maior influência, a Europa.  A eleição de um papa latino-americano, segundo especialistas, seria uma forma de fortalecer a presença da igreja na região, evitando que a instituição perca mais força na região onde ela é mais importante.

A Cidade do Vaticano, o menor país do mundo
Quebras de paradigma em uma instituição tão tradicional como a Igreja Católica são sinais de mudança. Muito se criticou que a Igreja Católica tem andado em descompasso com os temas atuais, sobretudo o respeito às novas formas de vida, de hábitos e de família presentes em nossa sociedade. Ao se amarrar a velhos dogmas, a Igreja Católica estaria ficando para trás como formadora de opinião e como modelo a ser seguido.

Outro fator que teria contribuído a esse momento chave da igreja foi o motivo da renúncia de Bento XVI: jornais do mundo inteiro noticiaram a existência de um dossiê, o chamado Vatileaks  (em analogia ao Wikileaks, organização que divulgou vários documentos secretos de governos e organizações mundiais), que conteria informações sobre lavagem de dinheiro no Vaticano, além de conter relatos de uma intensa disputa de poder entre os membros da Cúria (a administração do Vaticano, o menor país do mundo), que envolvia facções e grupos divididos. Tal divisão teria forçado o agora papa emérito a renunciar, por não ter força física – e diga-se de passagem, política – para enfrentar esse intenso jogo de poder.

A presidenta argentina, Cristina Kirchner, é recebida pelo Papa Francisco, o argentino Jorge Bergoglio
Jorge Mario Bergoglio, conhecido por suas posições conservadores em relação ao aborto, ao amor entre pessoas de mesmo sexo e defensor de que a Igreja se afaste de temas políticos e sociais, é também conhecido por sua humildade e simplicidade. Sua escolha não poderia ter sido mais apropriada, segundo os vaticanistas, especialistas em temas relacionados ao Vaticano, pois a Igreja Católica, para aproximar-se dos seus fieis, principalmente os latino-americanos, necessitaria justamente desses sentimentos.

Se essa instituição milenar está preparada para mudar, visando recuperar os fieis perdidos para outras religiões e a manter os que estão sob o seu teto, ainda é cedo para sabê-lo. Porém, após tantos ineditismos, a Igreja Católica mostra disposição em mudar e em compreender o mundo que está à sua volta.

Fonte: www.clickideia.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário