terça-feira, 16 de abril de 2013


Campeão da violência

O Brasil é o país campeão em taxa de homicídios
O Brasil é o país onde ocorrem mais homicídios por ano. Verifique as capitais mais perigosas para se viver e entenda o mapa da violência no país.

Pesquisas desenvolvidas em 2012 pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em conjunto com a Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais), apontam que o Brasil é o país com o maior índice de assassinatos do mundo, com números que superam até mesmo mortes de soldados e civis em guerras.
De acordo com os estudos, mais da metade dos brasileiros (62%) declararam ter “muito medo” de serem assassinados. Em 2010, foram contabilizadas 52.260 vítimas de homicídio; sendo que 70% delas foram mortas por armas de fogo.
Neste triste cenário, alguns fatores foram destacados pelas pesquisas: dentre os assassinados, é grande o número de crianças, adolescentes, mulheres e negros; os homicídios não se concentram mais, como era até a década de 1990, em grandes metrópoles, mas espalham-se pelo país como um todo; existe, no Brasil, uma forte cultura da violência, cuja consequência mais grave é o extermínio do outro em uma situação de conflito. Ao lado disso, a impunidade é um grande estimulador de crimes de homicídio – no país, menos de 5% dos homicidas são legalmente punidos (em países desenvolvidos, tais taxas giram em torno de 60%).
As desigualdades sociais, sem dúvida nenhuma, são as maiores causas de qualquer chaga social, como essa que tratamos aqui. No entanto, existem fatores, mais imediatos, que acabam incentivando a escalada de crimes de assassinato.
Um deles, como dissemos, é a própria impunidade, chegando a um limite insustentável - por exemplo, na capital brasileira mais violenta de todas, Maceió, no Alagoas. Em Maceió, o efetivo policial é extremamente defasado, o IML (Instituto Médico Legal) funciona de improviso em galpões e há falta de vagas em quase todos os presídios. No estado de Alagoas, nos anos de 2005 a 2008, apenas 7,5% dos homicídios chegaram a ser apurados. Presos do regime semiaberto (que trabalham fora, mas voltam para dormir nos presídios) são “dispensados” para dormir em suas próprias casas, pois não existem cadeias para esse regime, e adolescentes que matam são liberados por falta de vagas no sistema socioeducativo (o que, aliás, é lei federal).
Em Maceió, existem áreas “proibidas”, onde nem mesmo os taxistas se arriscam a entrar. Até o ano de 2000, a capital alagoana não era a mais violenta do país, mas, nos últimos dez anos, as taxas de homicídios galoparam (110,1 mortes por cada 100 mil habitantes), se tornando quatro vezes maior que a taxa nacional (27,4 mortes para cada 100 mil habitantes).
Dada a gravidade da situação, o estado do Alagoas pediu ajuda para o governo federal, cujo plano de auxílio mais ostensivo tem sido a ocupação de favelas pela Força Nacional, o que tem inibido a ação de criminosos, ao menos nas áreas ocupadas. Contudo, ainda de acordo com as pesquisas, outras formas de ações sociais, que somente poderiam ser efetuadas pelo Estado, não estão sendo feitas, além do fato de que os ciclos de morte podem voltar quando as tropas federais deixarem a cidade – medo relatado pelos próprios moradores das favelas.
Se Maceió é a capital onde mais se mata no Brasil, Natal, no Rio Grande do Norte, é a cidade onde a violência homicida contra crianças e adolescentes mais cresce. Entre 2000 e 2010, o índice de assassinato de crianças e jovens em Natal, subiu de 2,9 para 30,5 por 100 mil jovens (até 19 anos), um aumento de quase 1000%.

Com a impunidade, passa a existir a possibilidade de criação de mecanismos funestos de eliminação dos jovens que cometem crimes
Tráfico de drogas e grupos de extermínio
Boa parte das mortes, não somente em Maceió e Natal, mas também em outras capitais analisadas, tem envolvimento com o tráfico de drogas e com grupos de extermínio. De acordo com o juiz da Infância e da Juventude Homero Lechner, “quando o Estado não pune, a sociedade faz justiça com as próprias mãos, existindo a possibilidade de criação de mecanismos de eliminação desses jovens”, diz, se referindo aos grupos de extermínio. Como Maceió, Natal também libera seus jovens infratores por falta de vagas no sistema socioeducativo.
Abaixo, o triste “ranking da violência”, com dados levantados pelas pesquisas:

Homicídios por 100 mil habitantes, em 2010
1º Maceió (AL)
110,1
2º João Pessoa (PB)
80,2
3º Vitória (ES)
70,5
4º Salvador (BA)
69,0
5º Recife (PE)
58,2
6º São Luís (MA)
56,1
7º Curitiba (PR)
55,9
8º Belém (PA)
54,9
9º Fortaleza (CE)
51,7
10º Porto Velho (RO)
49,9
11º Macapá (AP)
48,7
12º Manaus (AM)
46,8
13º Aracaju (SE)
42,0
14º Natal (RN)
40,6
15º Cuiabá (MT)
40,3
16º Goiânia (GO)
39,9
17º Porto Alegre (RS)
36,8
18º Belo Horizonte (MG)
35,5
19º Brasília (DF)
34,3
20º Teresina (PI)
30,7
21º Rio Branco (AC)
28,9
22º Boa Vista (RR)
28,5
23º Rio de Janeiro (RJ)
27,9
24º Florianópolis (SC)
23,0
25º Palmas (TO)
22,8
26º Campo Grande (MS)
21,7
27º São Paulo (SP)
13,6

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