terça-feira, 16 de outubro de 2012

Tupi, a primeira TV do Brasil

Imagem Foto de Assis Chateaubriand, fundador da TV Tupi
É bastante comum atualmente o discurso de que a televisão tem perdido espaço cada vez mais para a internet. Incapaz de competir de igual para igual com as ferramentas interativas da rede mundial de computadores, a senhora televisão, com seus pouco mais de 60 anos no Brasil, parece sofrer com as mudanças tecnológicas surgidas nos tempos atuais. Porém, não faz muito tempo, era a TV a grande novidade no universo do entretenimento.

O surgimento da televisão no Brasil teve basicamente um único responsável: o jornalista, empresário e político Francisco de Assis Chateaubriand, dono do Diários e Emissoras Associados, conglomerado de empresas de rádios e jornais na década de 40. Chatô, como era conhecido, numa visita aos Estados Unidos, em 1944, ficara maravilhado com as inovações e possibilidades que um novo invento proporcionava ao entretenimento e jornalismo daquele país, e decidiu importar a novidade para o Brasil. Nos anos seguintes, gastando verdadeiras fortunas em equipamentos e contratando profissionais e artistas das diversas emissoras de rádio que comandava, Chatô celebrava em grande cerimônia o nascimento da televisão brasileira: A TV Tupi entrava no ar em 18 de setembro de 1950.

A pomposa novidade, todavia, se deu às custas de bastante improviso. São muitas as histórias que giram em tono da TV Tupi, algumas confirmadas por suas personagens, outras tidas como lendas. Uma delas diz que, ansioso por dar vida à inovação, Chateaubriand se esquecera de um detalhe: embora contasse com os equipamentos e estúdios para produção dos programas do futuro canal, ainda não existia no Brasil receptores para o sinal de televisão, tampouco televisores, ou seja, às vésperas da estreia não havia condições de se existir um público espectador. Assim, a estreia da Tupi corria o risco de não ser vista por ninguém! A solução, conta-se, saiu do próprio Chatô – do seu bolso, aliás – que importou os equipamentos e os consignou a cadeias varejistas de grande público, numa estratégia de divulgação da emissora e também do novo bem de consumo – o aparelho de TV.

Aos poucos a televisão foi se estabelecendo como veículo de comunicação massivo. Embora fossem necessárias décadas para que se tornasse acessível para as classes mais pobres, os aparelhos de TV tiveram uma adesão grande desde o início, sendo muito comum, até as décadas de 70 e 80, a audiência compartilhada em estabelecimentos comerciais e em locais públicos, que reuniam telespectadores vindos de vários lugares. Tamanho público só foi possível com o surgimento de novas emissoras, tais como a TV Record, em 1953; A TV Excelsior, em 1960; A Rede Globo, em 1965; e a TV Bandeirantes, em 1967.

Apesar da diversidade, porém, foi a Tupi a responsável pela criação da maioria dos gêneros televisivos presentes até hoje, tais como o telejornal – com o célebre Repórter Esso, que tinha como slogan "a testemunha ocular da história". Ao lado dele, o programa de esquete humorístico, como o Rancho Alegre, comando por Mazzaroppi; as telenovelas, muitas delas refilmadas posteriormente; os programas infantis; os programas de entrevista; os programas de auditório; de perguntas e respostas, etc.

Com a morte de Assis Chateaubriand, em 1968, a TV Tupi se viu imersa em disputas internas pelo controle das receitas de anunciantes e da grade de programação, o que contribuiu para o declínio da emissora, que perdeu seus artistas, profissionais e audiência para as concorrentes, até que, não honrando mais compromissos fiscais e trabalhistas, teve sua licença cassada pelo governo militar em 1980.

Pouco antes de completar 30 anos, a pioneira das televisões saia do ar.

Fonte: www.clickideia.com.br/

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