segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Lingua Estrangeira: Os nomes de cidades se traduzem?

Imagem São Paulo, San Pablo ou Saint Paul?
Em aulas de língua estrangeira, muitos alunos possuem a dúvida, principalmente nas aulas iniciais, de como dizer o nome da cidade em que nasceu. Se a dúvida for de ordem fonética, o melhor é dizer o nome da cidade na forma em que é pronunciada na língua materna; mas outra dúvida surge: é possível traduzir o nome de uma cidade, seja em espanhol ou em inglês?

Na verdade não há um consenso sobre este tema. Porém, podemos elencar três possibilidades, conforme os casos conhecidos. A primeira delas é o uso de uma forma traduzida que se tornou popular por conta da dificuldade de se pronunciar o nome da cidade original. Esse é o caso de cidades como Kraków, traduzida como Cracóvia em português e Cracovia em espanhol, que em inglês permanece na forma original; de London, traduzida como Londres em português e em espanhol, e como Londra em italiano; de Wien, traduzida como Viena em português e em espanhol, e como Vienna em inglês.

Em segundo lugar, há a ocorrência de duas formas, uso esse mais comum em espanhol e em português europeu, pois a proximidade faz com que haja a forma mais tradicional (traduzida) e a forma original. O uso da forma original pode ser considerado um fenômeno atual, proporcionado por conta da rapidez de circulação e do intercâmbio que temos atualmente, seja por turismo ou virtualmente (Internet). Ademais, a forma original é usada em traduções feitas às pressas por jornais e agências de notícias, que às vezes não tomam o cuidado de utilizar a forma mais tradicional.

Imagem Havana, capital de Cuba - em espanhol, La Habana
Dessa forma é possível que haja, em espanhol, duas formas para BordeauxBurdeos, em espanhol, Bordéus em português de Portugal, sendo que no Brasil utilizamos a forma francesa. Entretanto, com a cidade italiana de Padova ocorre a presença tanto da forma original em italiano, como a sua tradução Padua, em espanhol; ou Pádua, em português. Exemplo semelhante é o da cidade sueca de Göteborg, traduzida em português e em espanhol como Gotemburgo, mas ambas as formas são frequentes em jornais e sites de Internet.

A terceira possibilidade é a existência de nomes que existiram historicamente, mas que hoje não são mais usados. É o caso de Bremen, cuja forma original é a aceita, apesar de haver existido a forma traduzida do espanhol, que era Brema. A tradução de Nürnberg, cidade alemã, cuja forma em espanhol e em português atualmente é Nuremberg, antigamente possuía uma forma mais distante, Nuremberga, hoje praticamente não usada.

Tradicionalmente, essa variação também ocorre na América Latina. As cidades brasileiras de Salvador, São Paulo e Manaus são traduzidas  para o espanhol como Salvador de Bahía, San Pablo (mais comum na Argentina) e Manaos; esse fenômeno também ocorre com a capital de Cuba, La Habana, traduzida para o português como Havana, e Assunción, capital de Paraguai, traduzida para o português como Assunção.

Imagem Salvador de Bahía: nome traduzido para o espanhol da cidade de Salvador, capital da Bahia
Porém, nos casos acima, a tradução ocorreu em favor de uma forma mais fácil de ser pronunciada; em casos como o de Buenos Aires, por exemplo, a tradução soaria mais estranha que o nome original, Bons Ares. Essa foi a opção para vários nomes de localidades americanas, que antigamente pertenciam ao território mexicano – manteve-se a forma original em favor de sua tradução em inglês. Nomes como Florida, Montana, Colorado, Nevada, Las Vegas e Los Angeles (todos em espanhol) seriam traduzidas para o inglês como Flowered, Mountain, Red Coloured, Snowed, The fertile valleys e The Angels. Manter a forma original foi também uma maneira de manter a referência histórica e cultural que esses nomes já possuíam – e que a tradução poderia apagar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário