Novas esperanças para pacientes com câncer
são possíveis na pesquisa realizada sob o comando da professora Ana
Marisa Chudzinski-Tavassi, diretora do laboratório de Bioquímica do
Instituto Butantan e integrante do programa Centros de Pesquisa,
Inovação e Difusão (Cepid) da FAPESP, e publicada em novembro de 2012 na
revista FAPESP.
O grupo de pesquisa comandado pela professora Ana Marisa encontrou uma proteína na glândula salivar do carrapato-estrela (Amblyomma cajennense) que apresenta, além da característica anticoagulante,
promissora atividade antitumoral. Durante os experimentos, os
pesquisadores observaram que a proteína, denominada Amblyomin-X, era
capaz de matar apenas as células tumorais, mantendo íntegras as células
sadias.
Segundo o estudo, a proteína Amblyomin-X é capaz de
inibir a atividade proteossômica da célula, isto é, ela é capaz de
inibir um complexo enzimático que
tem por função a eliminação de proteínas indesejáveis à célula,
mantendo assim a integridade celular. Dessa forma, a proteína atuaria
induzindo a morte programada das células tumorais, processo conhecido
como apoptose.
A
bióloga Simone Simons, integrante do grupo de pesquisa da professora
Ana Marisa, iniciou esse estudo em 2000, quando tinha como objetivo
estudar o mecanismo de anticoagulação promovido pela saliva do
carrapato-estrela. Devido à grande dificuldade para caracterizar
bioquimicamente os componentes da saliva desse animal, os pesquisadores
optaram por analisar os genes expressos na glândula salivar, na tentativa de encontrar o gene inibidor da coagulação.
Para surpresa dos pesquisadores, eles conseguiram
identificar não só uma molécula com atividade inibitória do fator X,
responsável pela formação da trombina, enzima chave para o processo de
coagulação, como também descobriram que essa molécula era capaz de matar
células tumorais, mantendo intactas as células sadias.
O
projeto passou a ser direcionado para uma pesquisa antitumoral a partir
de 2005 e, atualmente, reúne pesquisadores do laboratório de
Bioquímica, além de profissionais da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP), como o professor de oncologia Roger
Chammas e o médico especialista em pâncreas José Jukemura. Há também a
participação de um professor do Instituto de Química, Eduardo Reis, que
atua em genômica e biologia molecular.
Os próximos passos da pesquisa são os testes pré-clínicos, que serão realizados por duas empresas brasileiras para verificar a toxicidade da proteína.
Fonte: www.clickideia.com.br
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