Ao
final da década de 70, um grupo de jovens originados da Bahia vieram ao
Sudeste para tentar a vida. Esses jovens baianos acabaram por
reinventar a música brasileira através do Tropicalismo. O Tropicalismo foi um movimento que envolveu as artes de uma maneira geral. Nomes como Helio Oiticica, Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Décio Pignatari, José Celso Martinez Corrêa, Gilberto Gil e Caetano Veloso são os mais lembrados nesse movimento, que durou pouco tempo, mas marcou imensamente a forma de ver e fazer a arte.
Na música, o Tropicalismo se fez presente através do festival da canção da TV Record, em 1967, com Domingo no Parque e Alegria, Alegria, de Gilberto Gil e Caetano Veloso, respectivamente. Na música, o Tropicalismo é traduzido nas letras e na atualidade de seus temas, além do experimentalismo, da inovação harmônica e melódica. Muito próximo da poesia concreta, como em Batmacumba, de Gil, e do experimentalismo de Tom Zé.
Tom
Zé, um baiano de Irará, chegou à São Paulo a convite de Caetano Veloso.
Daqui, só poderia ganhar o mundo. Embora um pouco esquecido ao longo
dos anos, Tom Zé é figura presente em vários países. Sua produção traz
sempre novidades e se mantem na vanguarda da nossa música.
Em 2012 está lançando o CD Tropicália Lixo Lógico, com a participação de Mallu Magalhães, Rodrigo Amarante, Pélico, Washington e o rapper Emicida, revisitando o movimento e refletindo - bem à sua maneira - sobre o que foi e o que é o Tropicalismo. Duas músicas perfeitas dão a dica sobre o pensamento de Tom Zé: a primeira, numerada 1A: Apocalipsom A (O fim no palco do começo) e 1B: ApocalipsomB (O começo no palco do fim).
Em 2012 está lançando o CD Tropicália Lixo Lógico, com a participação de Mallu Magalhães, Rodrigo Amarante, Pélico, Washington e o rapper Emicida, revisitando o movimento e refletindo - bem à sua maneira - sobre o que foi e o que é o Tropicalismo. Duas músicas perfeitas dão a dica sobre o pensamento de Tom Zé: a primeira, numerada 1A: Apocalipsom A (O fim no palco do começo) e 1B: ApocalipsomB (O começo no palco do fim).
Veja abaixo a letra da música Apocalipsom A:
Apocalipsom A
Tom Zé
Tom Zé
"Personae iuris alieni" (1)
Diabo e Deus numa sala
Firmou-se acordo solene
De unir em casamento
A fé e o conhecimento
Casou-se com muita gala
O saber de Aristóteles
Com a cultura do mouro
Para ter num só filhote
O duplicado tesouro
E toda casta divina
Estava lá reunida:
Apolo e Macunaíma
Dioana, Vênus, Urânia
Chiquinha Gonzaga, Bethânia
O Diabo ali presente
De todo banco gerente
(Conforme o cabra da peste
Chamado Bertolt Brecht)
Tinha comida e regalo
Tinha ladrão de cavalo
Pai de santo e afetado
Padre, puta e delegado
E a menina, meu rapaz
Cresceu depressa demais
Anda presa na Soltura
Circula na Quadratura
E o Sossego ela não deixa em paz
Cada dia mais esperta
A moleca desconcerta
No senso que ela retalha
Não há quem bote cangalha
Se você faz represália
Ela passa a mão na genitália
Esfrega na sua cara
Mas...
Onde a cultura vige
E o conhecimento exige
Recita 'noblesse oblige' (2)
Com veludo na laringe
Castiça cantarolando
'Quod erat demonstrandum'(3)
E recebida na sala
Se trata por Tropicália
(1) Termo juridico que indica pessoas que não tem poder sobre si mesmas.
(2) Expressão francesa: "a polidez manda".
(3) Em latim: "Conforme queríamos demonstrar".
Fonte: http://www.clickideia.com.br/
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